Após uma discussão com um grupo da minha turma sobre a
deficiência e as políticas de Assistência Estudantil, ouvi algumas coisas no
mínimo preocupantes. Apesar de ter minhas convicções quanto à omissão do
governo federal e a má administração relacionada as universidades do Brasil, me
permiti alguns questionamentos levando em consideração alguns comentários com
os quais fiquei inquieta.
Primeiro, na Universidade existem processos
seletivos para obtenção de bolsas-auxílio levando em conta alunos com
vulnerabilidade socioeconômica. Em contrapartida, há alguns casos de fraudes
nesse processo. Por exemplo, pessoas que têm alto poder aquisitivo omitem ou
até mentem sua condição social e conseguem acesso àquele benefício e, assim,
quem realmente precisa fica de fora. Esses – que realmente precisam – têm sua
permanência na Universidade ameaçada. Inclusive, há diversos casos de alunos
que dormiram no campus pois não tinham o dinheiro da passagem de voltar pra
casa e, no pior dos casos, tiveram de abandonar a graduação. Ok!
A pergunta é, será
que o fato de existir quem burle o sistema deve prevalecer sobre àqueles que
realmente precisam, ao ponto de a administração alegar que estará cortando
alguns benefícios devido à essa fraude? Será que eu devo desistir de combater
essa realidade, seja porque não há eficácia na fiscalização do processo ou porque
o jeitinho brasileiro sempre vai predominar? E mais, será que eu devo chegar ao
ponto de ser determinista e me culpar também por esse jeitinho, afirmando que “o
governo tem culpa, mas não é só ele”?
O que eu acho mesmo, no caso das fraudes, é que uma coisa
não anula a outra. A administração não pode J-A-M-A-I-S ter esses casos como
argumento a fim de reduzir o orçamento do Plano de Assistência Estudantil,
culminando na contração da oferta de bolsas estudantis. Sem contar que nem
sempre essas pessoas passam pelo processo seletivo, são apenas apadrinhadas por
estarem rente, de braço dado com uma reitoria/governo que prefere seduzir essas
pessoas (poucas) com benefícios, a fim de não ser contrariado. E isso, por mais
difícil que seja, não deve me fazer desistir de ir ao combate, de lutar por
fiscalização e mais políticas justas, beneficiadoras da coletividade, não
apenas de uma minoria.
Para concluir, N-Ã-O! Eu não me culpo. Eu não me
culpo porque sou eu quem enfrento transporte público superlotado, sou eu quem
enfrento a Universidade sucateada sem a estrutura básica mínima possível. Sou
eu quem sou bombardeada todos os dias, sofrendo consequências de políticas imediatistas
e mal planejadas. É o trabalhador que sai de casa ainda na madrugada para
buscar o sustento da família. É o professor que é humilhado diante de salários
injustos e sem condições mínimas de trabalho nas escolas e universidades.
Então, NÃO. Não, porque o orçamento que era pra ser nosso tá na mão de banqueiros
e grandes empresários com o propósito de sanar dívidas e manter alianças. NÃO!
Ao som de Tempo Perdido - Legião Urbana.
Só queria desabafar.
Pelo fato das pessoas estarem mentido sua realidade financeira pra ganhar bolsa-auxílio e assim estarem prejudicando a quem precisa é unicamente culta do sistema que é falho e permite que esse tipo de coisa ocorra, a maneira mais sensata que os administradores deveriam agir seria encontrar modos pra evitar que estas fraudes continuem ocorrendo.
ResponderExcluirE não, você não deve desistir! Você deve lutar para combater essa realidade do “jeitinho brasileiro”.