11 setembro 2014

Desabafo



Após uma discussão com um grupo da minha turma sobre a deficiência e as políticas de Assistência Estudantil, ouvi algumas coisas no mínimo preocupantes. Apesar de ter minhas convicções quanto à omissão do governo federal e a má administração relacionada as universidades do Brasil, me permiti alguns questionamentos levando em consideração alguns comentários com os quais fiquei inquieta. 

Primeiro, na Universidade existem processos seletivos para obtenção de bolsas-auxílio levando em conta alunos com vulnerabilidade socioeconômica. Em contrapartida, há alguns casos de fraudes nesse processo. Por exemplo, pessoas que têm alto poder aquisitivo omitem ou até mentem sua condição social e conseguem acesso àquele benefício e, assim, quem realmente precisa fica de fora. Esses – que realmente precisam – têm sua permanência na Universidade ameaçada. Inclusive, há diversos casos de alunos que dormiram no campus pois não tinham o dinheiro da passagem de voltar pra casa e, no pior dos casos, tiveram de abandonar a graduação. Ok!

A pergunta é, será que o fato de existir quem burle o sistema deve prevalecer sobre àqueles que realmente precisam, ao ponto de a administração alegar que estará cortando alguns benefícios devido à essa fraude? Será que eu devo desistir de combater essa realidade, seja porque não há eficácia na fiscalização do processo ou porque o jeitinho brasileiro sempre vai predominar? E mais, será que eu devo chegar ao ponto de ser determinista e me culpar também por esse jeitinho, afirmando que “o governo tem culpa, mas não é só ele”?

O que eu acho mesmo, no caso das fraudes, é que uma coisa não anula a outra. A administração não pode J-A-M-A-I-S ter esses casos como argumento a fim de reduzir o orçamento do Plano de Assistência Estudantil, culminando na contração da oferta de bolsas estudantis. Sem contar que nem sempre essas pessoas passam pelo processo seletivo, são apenas apadrinhadas por estarem rente, de braço dado com uma reitoria/governo que prefere seduzir essas pessoas (poucas) com benefícios, a fim de não ser contrariado. E isso, por mais difícil que seja, não deve me fazer desistir de ir ao combate, de lutar por fiscalização e mais políticas justas, beneficiadoras da coletividade, não apenas de uma minoria.

Para concluir, N-Ã-O! Eu não me culpo. Eu não me culpo porque sou eu quem enfrento transporte público superlotado, sou eu quem enfrento a Universidade sucateada sem a estrutura básica mínima possível. Sou eu quem sou bombardeada todos os dias, sofrendo consequências de políticas imediatistas e mal planejadas. É o trabalhador que sai de casa ainda na madrugada para buscar o sustento da família. É o professor que é humilhado diante de salários injustos e sem condições mínimas de trabalho nas escolas e universidades. Então, NÃO. Não, porque o orçamento que era pra ser nosso tá na mão de banqueiros e grandes empresários com o propósito de sanar dívidas e manter alianças. NÃO!

Ao som de Tempo Perdido - Legião Urbana. 
Só queria desabafar.

Um comentário:

  1. Pelo fato das pessoas estarem mentido sua realidade financeira pra ganhar bolsa-auxílio e assim estarem prejudicando a quem precisa é unicamente culta do sistema que é falho e permite que esse tipo de coisa ocorra, a maneira mais sensata que os administradores deveriam agir seria encontrar modos pra evitar que estas fraudes continuem ocorrendo.
    E não, você não deve desistir! Você deve lutar para combater essa realidade do “jeitinho brasileiro”.

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